Colhões de São Gonçalo

Os doces fálicos são presença habitual das Romarias de Amarante e estão ligados ao culto a S. Gonçalo, o santo padroeiro do concelho.

Há vários nomes para este doce amarantino. Doces fálicos é o que melhor o designa com palavras meigas. Mas há mais, e menos óbvios. No final, o vocábulo que o popularizou foi mesmo este que destacamos – Colhões de São Gonçalo, ou, em alternativa, Caralhinhos.

Engane-se quem vê a origem destes doces no passado recente da região, como uma brincadeirinha de mau gosto das pastelarias da cidade. Engane-se também quem procura a origem no culto a São Gonçalo, que aqui passou grande parte da sua vida, porque, ainda que antigo, não vai suficientemente longe na explicação.

Para chegarmos à verdadeira justificação, é preciso ir a um tempo mais brumoso, pré-Cristão, e influenciador do que depois se viria a tornar na devoção amarantina ao seu padroeiro.

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A verdade é que Gonçalo (que é beato, a atribuição de santo veio do povo e não da igreja) foi conhecido pelos casamentos que ajudou a realizar. E essa história foi fundamental para que se passasse a ter a imagem do santo como substituta de antigos ritos ligados à fecundidade.

A sua fama de casamenteiro – como aconteceu com Santo António – veio mesmo a calhar, numa de fundir o pagão com o cristianismo entretanto institucionalizado.

Ficou assim ligado a prestações religiosas antigas, de culto à fecundidade da terra. Salva velhinhas da viuvez, ajudando-as a casar novamente. Ajuda a impotência dos homens, que lhe rezavam a pedir solução. As solteiras roçam os seus corpos no túmulo do santo numa de se tornarem férteis ou arranjarem marido.

E começaram a honrá-lo com um símbolo tão antigo quanto a existência humana, o falo, que aqui é feito com a originalidade da doçaria tradicional, e ao qual passámos a apelidar, muito graficamente, de caralhinhos ou colhões ou ainda quilhõezinhos de São Gonçalo.

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E rezam as velhas a São Gonçalo:

“São Gonçalo de Amarante
Casamenteiro das velhas
Porque não casais as novas
Que mal vos fizeram elas?

São Gonçalo de Amarante
Casai-me que bem podeis
Já tenho teias de aranha
Naquilo que vós sabeis“

 

Vamos então à receita:

  • 20 gr de fermento para pão
  • 7 colheres de sopa de açúcar
  • 3 colheres de sopa de manteiga à temperatura ambiente
  • 1 pitada de sal
  • 2 ovos
  • 300 ml de leite
  • Cerca de 800 gr de farinha

 

  1. Junte os ingredientes todos num alguidar exceto a farinha e bata um pouco com a mão para os ligar.
  2. Vá juntado a farinha aos poucos, até a massa descolar do alguidar (pode necessitar de um pouco mais de farinha).
  3. Amasse um pouco até a massa descolar das mãos e do alguidar (cerca de 5 minutos).
  4. Deixe a massa a descansar cerca de 40 minutos a 1 hora (deve dobrar de volume).
  5. Retire uma bola de massa, e molde no feitio de um cilindro comprido.
  6. Faça um corte com uma faca numa das extremidades e enrole as pontas formando duas bolas, uma de cada lado.
  7. Dobre um pouco a massa na outra extremidade, apertando em baixo.
  8. Pincele com gema de ovo e leve ao forno cerca de 40 minutos.
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Para a cobertura:

  1. Coloque três colheres de sopa de açúcar em pó numa taça e adicione algumas gotas de sumo de limão para derreter o açúcar.
  2. Pincele os bolos com esta calda e deixe secar.
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