Primas açorianas dos percebes continentais, as cracas são dos moluscos mais apreciados por estas bandas, juntamente com as lapas.
Desenvolvem-se em colónias sobre as rochas do litoral de onde são arrancadas à martelada.
Na Terceira, não é raro ver-las à venda à unidade – já cozidas – nas festas e touradas de Verão.
Constituem um petisco muito fino e delicado com um incomparável sabor à mar.
A melhor maneira de cozinhar cracas é de mergulhar-las ainda vivas e com os bicos virados para cima num grande volume de água do mar à ferver durante 40 minutos, sem retirar os musgos que lhes cobrem as cascas.
Deixam-se arrefecer e extraem-se das cavidades com o auxílio de um prego dobrado; depois, bebe-se o molho que restou na cavidade esvaziada.
Conservam-se muito bem – frescas – no congelador e é sempre tão estranho quanto divertido ver-las voltar à vida enquanto descongelam.
Se não lhe for possível arranjar água do mar, pode usar a receita abaixo para cozinhar-las. Garanto que apesar do seu aspecto pouco apelativo, este é um petisco maravilhoso.
- 1 kg de cracas
- 1 cebola descascada e cortada em quartos
- 5-6 dentes de alho esmagados com a pele
- 1 colher (sopa) de sal grosso marinho
- 2-3 hastes de salsa
- 2 malaguetas frescas, fatiadas
- 1 colher (café) de grãos inteiros de pimenta branca
- Encher uma panela grande com água. Juntar os quartos de cebola, os alhos, o sal, as malaguetas, a salsa e os grãos de pimenta. Levar a ferver.
- Adicionar as cracas, com os bicos virados para cima. Deixar cozer por 40 minutos em lume médio-forte, sem tampa.
- Retirar cuidadosamente as cracas da panela com o auxílio de uma escumadeira, tentando manter-las direitas para que conservem algum líquido.
- Dispor as cracas num tabuleiro, com os bicos sempre virados para cima. Deixar arrefecer por completo.
- Servir as cracas frias, acompanhando com pão torrado barrado de manteiga com sal.