Sericaia de Elvas

A Sericaia, também conhecida por Sericá ou Cericá, é um doce tipicamente alentejano, com marcas da doçaria conventual – em que há uma abundante utilização de ovos e canela.

Há quem diga que a sericaia é oriunda da Índia e outros que vem do Brasil; o que se sabe ao certo é que esta receita foi implementada no Alentejo pelas mãos habilidosas das freiras do convento de Elvas e de Vila Viçosa, reclamando ambos para si os direitos da sua importação. Umas deram-lhe o nome de Sericaia e outras de Sericá, sendo que a tradição está mais ligada a Elvas, onde o doce é decorado com as famosas ameixas da região.

O toque da canela e a textura fofa fazem deste doce uma verdadeira delícia. No entanto, o segredo deste doce conventual, mais do que os ingredientes utilizados, está na forma de o deitar, num prato de estanho ou barro, às colheradas desencontradas. Ao cozer a sericaia, esta deverá abrir gretas à superfície, dando-lhe o seu aspeto característico.

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Particularidade: 

Doce cozido no forno e que parece constituído por uma camada superior de claras dispostas às colheradas desencontradas e que apresenta rachas. O doce é vendido com o prato em que vai ao forno.

História: 

D. Constantino de Bragança, que no século XVI governou a Índia, trouxe do Oriente a receita deste doce. Era tradicionalmente levado ao forno em pratos de estanho, que ainda se encontram nas velhas casa senhoriais. Atualmente foram substituídos por pratos de faiança.

Quem tinha boa baixela e de rica apresentação, aproveitava-a para cozer e servir a Sericaia. Antigamente era cozido em forno de padeiro, de lenha, pois era o único que garantia a temperatura alta indispensável para que a cobertura do doce abrisse fendas.

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Uma das pastelarias, citada nos contatos, fabrica este doce desde os princípios do século XX. Nos anos 50, num concurso nacional organizado pela Radiotelevisão Portuguesa e pelo Secretariado Nacional de Informação, a Sr.ª D.ª Maria do Carmo B. e Almeida foi classificada em 2° lugar com a feitura deste doce.

Uso: 

Como sobremesa e guloseima, acompanhado de ameixas d’ Elvas confitadas e escorridas. É indispensável em alturas festivas.

Como fazer:

  • 1 limão
  • 1 litro de leite
  • 1 pau de canela
  • 1 pitada de sal
  • 12 ovos (claras e gemas separadas)
  • 150 g de farinha de trigo
  • 500 g de açúcar
  • canela em pó q.b.

 

  1. Ligue o forno a 225° C.
  2. Leve o leite a ferver, juntamente com a casca de limão, o pau de canela e sal. Retire do lume quando estiver pronto e deixe arrefecer.
  3. Entretanto, bata muito bem as gemas com o açúcar até obter um creme fofo.
  4. À parte, dissolva, aos poucos, a farinha no leite.
  5. Junte o creme de gemas e o leite  e, mexendo sempre, leve a engrossar em lume brando.
  6. Retire do calor, tire a casca de limão e o pau de canela e deixe arrefecer.
  7. Bata as claras em castelo bem firme e incorpore-as cuidadosamente no preparado anterior, que deverá estar frio ou morno.
  8. Leve ao forno o tradicional prato de barro alentejano, fundo e largo, para aquecer.
  9. Deite o creme no prato em colheradas desencontradas, uma no sentido do centro para as bordas do prato e a outra atravessada.
  10. Polvilhe abundantemente com canela e leve a cozer cerca de uma hora. Verifique, no entanto, a cozedura fazendo o teste do palito, se este sair seco, colocando-o no centro do doce, a sericaia estará pronta.
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